Edward Snowden, que revelou o esquema de monitoramento de telefones e dados de internet feito pelos EUA, colheu documentos sobre um programa que autoriza analistas da Agência de Segurança Nacional americana (NSA, em inglês) a buscar conteúdo e informações específica sobre um usuário de internet.
Segundo reportagem do jornalista Glenn Greenwald publicada nesta quarta-feira pelo site do jornal britânico “Guardian”, o programa XKeyscore pode ver o histórico de navegação e quase tudo o que os internautas fazem em diversos portais.
Reprodução | ||
Apresentação do XKeyscore obtida por Edward Snowden; desde 2008, EUA monitoram conteúdo de usuários de internet do mundo |
As informações podem ser obtidas através dos IPs (endereços de rede), telefones, nomes completos, apelidos de usuários e palavras-chave em diversas redes sociais e provedores de e-mail. O monitoramento ocorria em diversas centrais no mundo, uma delas em Brasília, segundo as apresentações da NSA.
Através de uma das funções do programa, os agentes são capazes de ver o conteúdo de um chat ou de uma mensagem privada na rede social Facebook. Para isso, basta digitar o nome de usuário e a data da conversa desejada.
De acordo com os documentos, todos esses dados confidenciais eram obtidos sem autorização judicial, com o preenchimento de um formulário on-line que poderia ser preenchido com uma justificativa vaga e autorizados por supervisores.
“É muito raro que nossas buscas sejam questionadas e, quando são, normalmente os supervisores pedem algo como: ‘vamos aumentar essa justificativa'”, disse Edward Snowden, em entrevista ao “Guardian” em junho, pouco após as revelações.
ACESSO LIVRE
Desse modo, os espiões obtinham dados confidenciais de monitoramento de informações, chamados de metadata, e também acesso aos conteúdos navegados pelos usuários.Do ponto de vista de armazenamento, o XKeyscore coletava as informações de forma contínua.
Os conteúdos ficavam no sistema entre três e quatro dias, enquanto o monitoramento das atividades eram armazenados por um mês. Nos documentos, a NSA explica que, em alguns sites, os conteúdos só poderiam ser guardados por 24 horas.
Qualificado pela NSA como parte de sua estratégia contra o terrorismo, a ferramenta foi útil para que os EUA prendessem 300 acusados de associação a grupos com planos contra os Estados Unidos. Não há informação sobre quantos usuários foram monitorados em todo o mundo.
OUTRO LADO
Em nota ao “Guardian”, a NSA diz que a ferramenta faz parte de uma de suas estratégias no combate ao terrorismo e que só é aplicada apenas contra “alvos legítimos dos serviços de inteligência internacional em resposta à necessidade de nossos líderes de proteger nossa nação e nossos interesses”.
O órgão nega qualquer uso amplo e irrestrito do programa e afirma que ele é limitado aos funcionários autorizados para fazer essa tarefa, que passam por “múltiplas checagens técnicas, manuais e de supervisores para evitar o uso indevido”.
“Todas as buscas de um analista da NSA são completamente auditáveis para garantir que estão de acordo com a lei. Esse tipo de programas nos permitem coletar informações que nos levem a desenvolver de forma exitosa nossa missão de defender a nação e proteger os Estados Unidos e nossos aliados estrangeiros”.