Dragagem: conheça técnica utilizada para garantir navegabilidade pelo rio Madeira em meio à seca extrema

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Imensidão de água do Madeira foi substituída por bancos de areias e montanhas de pedras que prejudicam a navegabilidade. Dragagem tem contribuído para que o Madeira continue sendo uma rota estratégica para transporte de produtos. Rio Madeira – Seca 2022
DNIT
O rio Madeira segue alcançando níveis mínimos nunca vistos. O acúmulo de sedimentos no fundo do rio, atrelado ao baixo nível das águas, afeta a circulação de embarcações que transportam insumos essenciais para Rondônia. Para impedir o isolamento hidroviário, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) adota um método que limpa a rota de circulação: a dragagem.
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🔍O Rio Madeira é um dos maiores do mundo e passa por três países: Brasil, Bolívia e Peru. Ele possui quase 1,5 mil quilômetros de extensão em água doce e é o mais longo e importante afluente do rio Amazonas.
A técnica de dragagem é utilizada para desobstruir, remover ou escavar os sedimentos presentes no fundo dos rios e garantir a navegabilidade das embarcações quando os níveis estão muito baixos. Como consequência da seca, a navegação noturna está proibida desde julho no Rio Madeira.
Atualmente, o transporte de combustível entre Rondônia e Amazonas é realizado de forma fluvial: a saída acontece das cidades de Itacoatiara ou Manaus (AM) para Porto Velho (RO). O trajeto, que dura, em média, de 7 a 8 dia, passa a ser de 18 a 20 dias devido á proibição de navegação noturna.
Leia também: Entenda como a seca afeta o abastecimento de combustível em RO
Rio Madeira – Seca 2022
DNIT
Na quarta-feira (11), o Rio Madeira bateu recordes de mínimas históricas pelo quarto dia consecutivo: chegou a 58 centímetros, o menor nível já registrado desde que o nível do rio começou a ser monitorado, em 1967.
A imensidão de água do Madeira foi substituída por bancos de areias e montanhas de pedras que prejudicam a navegabilidade de ribeirinhos e de embarcações comerciais.
De acordo com (DNIT), responsável pelo serviço de dragagem na região, a técnica tem contribuído para que o Madeira continue sendo uma rota estratégica para transporte de produtos. A equipe trabalha no trecho entre Porto Velho e Manicoré, no Amazonas.
Como funciona?
A técnica de dragagem utilizada no Rio Madeira é a de sucção. A draga é equipada com um bocal de aspiração e tubos de jatos que jogam água nos sedimentos para desprendê-los do fundo do rio, depois o material é aspirado pelo tubo de sucção.
Equipamento de dragagem no rio Madeira
DNIT
No processo, todos os tipos de solo, desde areia, cascalho até materiais compactos ou solos de materiais duros, como argila, rocha, entre outros, são retirados e depositados em barrancos em até 1 km de distância.
Todo o processo é acompanhado pelo DNIT e pela Marinha do Brasil, além de uma equipe técnica composta por cinco biólogos e especialistas em batimetria, que realizam a medição da profundidade do rio.
Entenda o cenário
Historicamente, outubro e novembro são os meses em que o rio fica mais seco. No entanto, o nível do rio Madeira começou a bater mínimas históricas já no mês de julho; depois disso, o cenário foi se tornando ainda mais crítico. No Dia da Amazônia, dia 5 de setembro, o Madeira ficou abaixo de 1 metro pela 1ª vez na história.
A escassez das águas, segundo o engenheiro hidrólogo e pesquisador em geociências pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), Marcus Suassuna, são causados por dois fatores:
O Oceano Atlântico Norte está mais aquecido que o normal, e mais quente que o Atlântico Sul.
Fenômeno El Niño, que causa atrasos no início da estação chuvosa.
A seca antecipada do rio Madeira, além de colocar Porto Velho em emergência, tem dificultado a navegação e, consequentemente, o escoamento de produtos: o que pode aumentar o preço do combustível no estado, segundo informações do Sindicato dos Petroleiros de Rondônia (Sindipetro).
Mais de 50 comunidades vivem às margens do Rio Madeira, em Porto Velho. A pescadora Raimunda Brasil mora na comunidade Bom Será há 15 anos e tem a pesca como principal fonte de renda. Com a seca extrema, a margem do rio “desapareceu”, assim como o sustento da ribeirinha.
“Não tem peixe, não consigo pescar. Minha principal fonte de renda é o rio, sem ele estamos nos virando para sobreviver”, relata

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