SÃO PAULO – Preocupações com o futuro político da Grécia fizeram as principais Bolsas mundiais fechar em baixa nesta terça-feira, incluindo o pregão brasileiro. Na bolsa de Atenas, o índice ASE fechou em queda de 3,6% aos 620,54 pontos, o menor nível desde 1992. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), caiu 1,40% aos 60.365 pontos, depois de cair mais de 2% ao longo do dia. Foi a menor pontuação final desde 16 de janeiro, quando o índice fechou a 59.956. O volume negociado foi de R$ 7 bilhões. O dólar também foi afetado pela aversão ao risco e subiu 0,93% frente ao real, sendo negociado a R$ 1,9390 na venda e R$ 1,9370. O euro encerrou valendo US$ 1,3018, uma desvalorização de 0,26%, o menor nível em três meses.
Os papéis com maior peso no Ibovespa se desvalorizaram e puxaram o índice com o mau humor externo. Vale PNA caiu 2,52% a R$ 39,37; Petrobras PN perdeu 1,55% a R$ 20,27; OGX Petróleo ON perdeu 2,21% a R$ 13,70; Itaú Unibanco fechu com valorização de 0,17% a R$ 29,08 e PDG Realty ON se valorizou 2,98% a R$ 5,17, a maior alta da Bolsa. A empresa anunciou a distribuição de R$ 168 milhões em dividendos (ou R$ 0,148 por ação).Entre as maiores baixas ficaram os papéis da Gerdau Met PN, com queda de 4,30% a R$ 20,70 e JBS ON, com desvalorização de 3,73% a R$ 7,22.
O Ibovespa acumula queda de 2,35% em maio e de 0,75% na semana. No ano, a valorização caiu para 6,36%.
Sem atuações do Banco Central, o dólar subiu no mercado doméstico refletindo a aversão ao risco dos investidores internacionais e uma queda preço das commodities. O dólar fechou nesta terça no maior patamar desde o dia 14 de julho de 2009. No ano, a divisa tem alta de 3,75% e, neste início do mês de maio, subiu 1,66%. Na semana, a valorização está em 0,66%.
As bolsas europeias e americanas fecharam em baixa com o anúncio de que o partido conservador não conseguiu formar maioria governista na Grécia. O partido Coalizão para a Esquerda Radical (Syriza), que passou a ser o encarregado de formar o novo governo, divulgou que vai investigar as causas do déficit público e não pagará a dívida enquanto a investigação não for concluída. Esse impasse poderia levar a novas eleições em junho e trazer mais instabilidade na região.
Por isso, cresceram as chances de que o país tenha que abandonar a zona do euro, segundo analistas. Sem um novo governo, um calote da dívida soberana do país se torna possível, o que levaria os gregos as abandonarem a moeda única. A primeira-ministra Angela Merkel disse que se a Grécia não cumprir as medidas de austeridade acordadas, não haverá mais liberação dos recursos do pacote de ajuda.
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– A situação política na Grécia deixa o mercado instável. Mas acredito que se o país deixar a moeda única a situação pode ser ainda pior. Os problemas atuais vão persitir, como aumento do déficit e baixo crescimento econômico, e os gregos não terão ajuda financeira – avalia o economista Raphael Martello, da consultoria Tendências, de São Paulo.
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– Na minha avaliação, a saída da Grécia do euro seria benéfica ao país. A dracma (moeda grega) voltaria e desvalorizada poderia alavancar as exportações. Abandonar a moeda única, também implica que o país dará um calote em seus títulos, expressos em euros. Seria como a Argentina, no ano 2001 – diz o professor de Economia do Insper, Fernando Ribeiro.
Líderes de países da União Europeia vão se encontrar em 23 de maio para tentar discutir uma maneira de estimular o crescimento econômico, sanar as finanças públicas e tentar reganhar a confiança dos mercados. A Comissão Europeia pediu que os países do bloco mantenham os cortes orçamentários apesar do descontentamento dos eleitores mostrado nas eleições da França e da Grécia. A comissão também prometeu novos esforços para impulsionar o crescimento para aliviar os transtornos econômicos.
Na Espanha, o medo de uma crise bancária retornou. O primeiro-ministro, Mariano Rajoy, negou que o governo já tenha injetado dinheiro na terceira maior intsituição do país, o Bankia. Mas o mercado estima que Madri pode injetar até 10 bilhões de euros na instituição. Não se descarta que outros bancos recebam uma injeção de dinheiro público.
O índice da Dax, da Bolsa de Frankfurt, caiu 1,90%; o FTSE, da Bolsa de Londres, teve baixa de 1,78% e o Ibex, da Bolsa de Madri, se desvalorizou 0,80%. O Eurostoxx 50, que reúne as blue chips da zona do euro, perdeu 2,06%. O índice das principais ações europeias fechou com baixa de 1,66%, a 1.017 pontos, o menor nível em quatro anos.
A queda mais forte foi registrada no índice Cac, da Bolsa de Paris, que se desvalorizou 2,78%. Os analistas avaliam que há um movimento de correção, já que o índice subiu 1,65% na segunda. Um relatório divulgado pela agência de classificação de risco Fitch avalia que a eleição do candidato do Partido Socialista, François Hollande, presidente da República Francesa, não tem implicações para a nota ‘AAA’ da França, que está atualmente sob perspectiva negativa.
No entanto, diz a agência, apesar de sua vitória eleitoral marcar uma mudança importante na cabeça da França e da Europa, o novo presidente terá de enfrentar os mesmos problemas que seu antecessor: o fortalecimento da credibilidade fiscal, melhorar o potencial de crescimento no médio prazo e lidar com a crise na área do euro.
Nesta terça, foi divulgada a produção industrial da Alemanha que subiu 2,8% em março, em relação ao mês anterior, uma notícia positiva. A expectativa dos economistas era de uma alta de 1%. Em março, houve uma queda de 0,3%. Mas a melhora não teve força para reverter o mau humor do mercado.
As Bolsas dos Estados Unidos também fecharam em queda. O Dow Jones caiu 0,59%, o S&P 500 perdeu 0,43% e o Nasdaq recuou 0,39%.
No Brasil, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgou o IGP-DI de abril, que mostrou uma elevação de 1,02%, quase o dobro da taxa apurada em março, de 0,56%. Em 12 meses, o indicador subiu 3,86%.
As bolsas da Ásia fecharam sem tendência definida nesta terça-feira. O índice Hang Seng, da bolsa de Hong Kong, fechou em queda pelo quarto dia consecutivo, com recuo de 0,25%, a 20.484,75 pontos. O Xangai Composto encerrou o pregão em queda de 0,12%, a 2.448,88 pontos, puxado pela queda nas ações de corretoras e financeiras. Em Tóquio, o índice Nikkei fechou em alta de 0,68%, a 9.181,65 pontos, impulsionado por balanços positivos, entre eles o da Mitsubishi. O índice Kospi, da bolsa de Seul, avançou 0,54%, a 1.967,01 pontos.