Médica prestou depoimento por 4 horas sobre morte de miss, em Goiânia. Jovem morreu no dia 2 ao colocar silicone; família acredita em erro médico.
A médica anestesista Beatriz Vieira Espíndola, que participou da cirurgia de implante de silicone na modelo Louanna Adrielle de Castro Silva, prestou depoimento na Polícia Civil, em Goiânia, durante quatro horas nesta quarta-feira (12). De acordo com a delegada Miriam Borges, que investiga a morte da jovem de 24 anos, a anestesista detalhou a intervenção da equipe médica para ressuscitar a paciente, que sofreu duas paradas cardíacas. Ela disse que durante a operação a paciente teve reações que podem ser comuns a pessoas que já usaram algum tipo de droga, contou a delegada. Em entrevista à imprensa, após depor, a anestesista garantiu que não houve erro médico: “Estou tranquila”.
Louanna Adrielle morreu no dia 2 deste mês, durante a cirurgia realizada no Hospital Buriti, no Parque Amazônia, Goiania “A médica nos disse que, à medida em que o remédio iria sendo aplicado, a jovem tinha reações diferentes das pessoas que não são usuárias de entorpecentes. Por isso, ela alega que a equipe questionou os familiares da modelo se ela já havia feito uso de algum entorpecente. O objetivo era buscar porque ela não estava reagindo à medicação”, conta a delegada.
Por causa disso, o cirurgião plástico Rogério Morale de Oliveira declarou no relatório médico encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) a suspeita de uso de cocaína e ecstasy. Entretanto, a família de Louanna Adrielle nega que a jovem fazia uso de drogas.
A delegada Miriam Borges declara que está aguardando a conclusão dos laudos cadavérico e toxicológico e irá ouvir novos depoimentos para concluir o inquérito, inclusive o da amiga de Louanna que morava com ela em Goiânia. Porém, o inquérito ainda não tem prazo definido devido à demora na conclusão dos laudos do IML.
À delegada, a anestesista detalhou como aconteceu todo o atendimento médico: “Ela nos descreveu quais medicamentos foram aplicados e quais exames pré-operatórios foram feitos na paciente, mas foi categórica em dizer que nos casos de pacientes jovens e assintomáticos não é necessário realizar avaliações cardíacas mais aprofundadas. Isso aconteceu com a Louanna”.
Negligência
Após prestar depoimento, a médica Beatriz Vieira Espíndola afirmou que não houve negligência durante a cirurgia da modelo.
“Estou tranquila em relação a todos os procedimentos realizados no atendimento da Louanna. Eu e o doutor Rogério [médico responsável pela cirurgia] até solicitamos a abertura de sindicância para o Conselho Regional de Medicina apurar o caso. Posso afirmar que não houve nenhum tipo de negligência e tentamos preservar a vida da paciente, mas, infelizmente, ela veio a óbito”, enfatiza a anestesista.
A especialista lamentou a morte de Louanna Adrielle. “Solidarizo com a dor da família que está sofrendo muito neste momento. Estou aguardando a conclusão do caso e disponível para prestar qualquer esclarecimento”.
Cirurgião responsável
O cirurgião plástico Rogério Morale de Oliveira, que operou a modelo prestou depoimento por quase cinco horas na última sexta-feira (7), no 13º Distrito Policial de Goiânia. Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, ele chegou junto com dois advogados e só se manifestou na saída. “Estamos em sofrimento aguardando agora o laudo do IML e realizaremos novas declarações para as autoridades competentes”, declarou.
Segundo o médico, Louanna sofreu a parada cárdio-respiratória às 8h25, logo depois que a primeira prótese de silicone foi implantada no seio. Ele disse que a equipe entubou a paciente, fez massagens cardíacas e aplicou medicamentos para tentar reverter o quadro. Mas, segundo o depoimento de Rogério Morale, a cada dose de remédio ministrada, a paciente tinha reações inusitadas.
Por causa destas reações, ele chegou a perguntar para uma amiga da vítima se Louanna usava drogas. A suspeita de uso de cocaína e ecstasy foi constatada no relatório médico encaminhado ao IML. Entretanto, a família da modelo nega que ela fazia uso de drogas e acredita em erro médico.