Uma inflamação no estômago e no esôfago fez o analista de engenharia Edson Fazolin, de 50 anos, procurar um médico para saber se deveria ou não resolver o problema com cirurgia, que também corrigiria uma hérnia de hiato e retiraria pólipos da região. O primeiro profissional optou pela operação, mas uma segunda opinião foi bem clara: o paciente precisava apenas emagrecer.
“Nessa época, no fim de 2003, eu pesava 143 kg, em 1,88 m de altura. Viajava muito a trabalho, tinha horários desregrados e acabava comendo lanches rápidos”, conta o morador de Santo André, no ABC paulista, que era chamado de “Gordo” pelos colegas e agora virou o “Ex-gordo
Junto com antiácidos para aliviar a queimação provocada pela gastrite, Edson iniciou uma mudança alimentar. Cortou fast food, frituras, doces como cocada e chocolate, massas, molhos e carnes gordas, como cupim, picanha e costela. Quando come pizza, se satisfaz com dois pedaços pequenos.
No novo cardápio, ele adicionou frutas (maçã, pera, mamão e uva), legumes, pães e grãos integrais, carnes leves, adoçantes e salgados assados.
“Também parei de beber junto com as refeições”, destaca o analista. A exceção fica por conta da hora do café, quando toma uma xícara e come pão. E a sobremesa foi trocada por um expresso.
Passados dois anos da reeducação, o analista eliminou 46 kg e chegou a 97 kg – hoje está pesando 100 kg, mas nem na época das festas ultrapassa os 102 kg. A gastrite, os pólipos e a falta de ar sumiram, junto com outro problema de saúde: a obesidade mórbida.
Caminhadas regulares
Edson também trocou o elevador pela escada, passou a estacionar o carro mais longe dos lugares, para ir a pé, e a fazer caminhadas até quatro vezes por semana.
“Cheguei a andar 24 km entre a minha casa e a montadora de veículos onde trabalho, em São Bernardo do Campo”, diz ele, que perdeu principalmente a barriga e o papo embaixo do queixo.
Atualmente, para ganhar massa muscular e aliviar as dores na coluna – causadas por um desgaste decorrente do excesso de peso –, Edson começou na quinta-feira (3) a fazer hidroginástica duas vezes por semana, durante 1 hora. E, sempre que pode, caminha sozinho ou com a mulher uma vez por semana, durante 30 minutos, em um local plano.
“Passei a infância e a juventude bem gordinho. Não conseguia fazer a maioria dos exercícios na educação física. Era alvo de piadas nas aulas, no banheiro. Já adulto, engordava até 8 kg em um ano, mas perdia peso rápido, geralmente nas férias”, lembra.
Mais qualidade de vida
Quase nove anos após mudar de hábitos, Edson diz que a autoestima melhorou, o convívio com os amigos também – “Hoje sou respeitado e ninguém ri de mim” – e, principalmente, o casamento.
“Agora tenho mais disposição, vou a todos os lugares, faço compras com a minha mulher, Neila. Antes eu torcia o nariz para passear”, compara o analista, que quando se casou teve que fazer o terno sob medida, já que a calça era tamanho 58 e a camisa, com várias letras.
“Usava X, delta, o alfabeto inteiro. Uma colega de trabalho que já me conheceu magro viu uma foto antiga e disse que minha mulher foi muito guerreira”, recorda.
Nascido em uma família italiana, com a mesa sempre farta, o paulista diz que tem vários parentes com problemas de peso, e uma irmã até já fez a cirurgia de redução de estômago.
“Optei por comer pouco sem ser obrigado. Hoje, quando passo do limite, me sinto mal, é indigesto. E não precisa deixar de comer, só criar um estilo de vida melhor”, revela Edson, que abandonou de vez as dietas radicais e os moderadores de apetite.
Além disso, o sono e os exames dele melhoraram. A pressão arterial, que chegou a 15/10, hoje está em 11/7.
“Os filhos de um amigo que pesa 150 kg até me pediram para incentivá-lo a emagrecer. Tenho outro colega obeso e tento ajudar, mas sem ser chato”, diz o analisa, que agora vai a consultas médicas e nunca mais ouviu que precisa emagrecer.